Restrição de Crescimento Fetal: quando o bebê para de crescer… mesmo com peso normal

Dr. André Miyague palestrante na SOGIPA
Gente, quando a gente fala de Restrição de Crescimento Fetal, é muito comum pensar só naquele bebê visivelmente pequeno, magrinho, com peso abaixo do esperado. Mas a verdade é que nem sempre o caso é tão óbvio assim. Tive a oportunidade de falar sobre esse tema na VI Jornada de Ultrassonografia da SBUS do Paraná – SOPRUS 2025, aqui em Curitiba. E olha... foi especial poder dividir com colegas esse assunto que aparece, cada vez mais, no nosso dia a dia de consultório. Hoje, quero compartilhar com vocês alguns pontos importantes da palestra. Porque entender como a RCF funciona — especialmente a tardia — pode mudar completamente o desfecho de uma gestação.

Afinal, o que é a Restrição de Crescimento Fetal?

É quando o bebê não consegue atingir todo o seu potencial de crescimento dentro do útero. E isso acontece, em grande parte dos casos, por causa de uma insuficiência placentária.

Ou seja: a placenta começa a “falhar” na entrega de nutrientes e oxigênio, o ambiente intrauterino se torna hostil e o bebê, naturalmente, desacelera o crescimento. E a gente sabe que isso tem impacto direto na vitalidade e na saúde perinatal.


Dois tipos diferentes: e dois desafios também

Temos dois grandes grupos quando falamos de RCF:

  • RCF precoce, que acontece antes de 32 semanas
  • RCF tardia, que aparece depois de 32 semanas

E aqui já começa a diferença:

  • No precoce, a doença placentária costuma ser severa. O bebê, em geral, é pequeno, com biometria bem abaixo do esperado. A centralização fetal é sistêmica. A placenta “deve” comida e oxigênio — e o feto se adapta como pode.
  • No tardio, o grande desafio é diagnóstico. Porque o bebê pode ter peso dentro da faixa de normalidade, mas… parou de crescer como deveria.

E é aí que mora o perigo.


O bebê tá no percentil 30. E agora?

Essa é clássica. A gente olha o laudo e vê: peso no percentil 30. Aparentemente normal, certo?

Mas aí você compara com o ultrassom de algumas semanas atrás… e descobre que esse bebê estava no percentil 80. Ou seja: perdeu 50 pontos de crescimento. E isso, gente, é Restrição de Crescimento Fetal tardia.

Ademais, hoje sabemos — com base em estudos recentes e robustos — que quedas de 25 a 50 pontos no percentil estão associadas a:

  • Aumento da mortalidade perinatal
  • Admissão em UTI neonatal
  • Maior chance de parto cesáreo
  • Apgar mais baixo
  • E até risco aumentado de óbito fetal intraútero, mesmo com peso considerado “normal”

O que muda na conduta?

Muita coisa. Porque quando o peso está normal, a gente tende a “acompanhar”. Mas quando há queda de percentil significativa, temos que investigar e monitorar de perto.

E aqui o Doppler e o Perfil Biofísico Fetal viram protagonistas.

O Doppler vai nos dizer como está a perfusão placentária. E o perfil biofísico fetal, gente, é ouro. Ele nos permite ver, de forma objetiva, se esse bebê está sofrendo ou não.

Ademais, o perfil biofísico é rápido — leva de 5 a 8 minutos — e tem alto valor preditivo. Ou seja: se o bebê está bem no perfil, a chance de estar de fato oxigenado é altíssima. Se está alterado, a chance de acidemia é grande.


Então, o que eu gostaria de deixar aqui é o seguinte:

Nem todo bebê com peso normal está crescendo bem. Nem toda gestação com laudo “dentro do esperado” está livre de risco.

Hoje, olhar a trajetória de crescimento — e não apenas o valor isolado — é essencial. E isso muda a forma como a gente conduz o caso, orienta os pais e decide o momento ideal para o parto.

Porque no final das contas, o que a gente quer é isso: garantir que esse bebê tenha a melhor chance possível de nascer bem e saudável.

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